“... Quanto a você ( discípulo),
porém, permaneça nas coisas que aprendeu
e das quais tem convicção, pois você
sabe de quem o aprendeu”
(2 Tim. 3:14).
Discipulado
não é um tema a ser discutido mas uma ordem a ser cumprida. Ordem expressa do Senhor da Igreja: “ Ide e Fazei Discípulos”. A questão
para reflexão é: Qual o D.N.A. seguro a ser adotado? Visualizo dois modelos de
discipulado Bíblico: O modelo Perfeito,
vivido e ensinado por Jesus; e o modelo próximo do perfeito,
vivido e ensinado pelo Apóstolo Paulo.
Nesses
últimos três anos, vivendo a experiência de discipulado ( Modelo MDA ), já dá para
se ter uma compreensão, sensata, que o padrão vivido e ensinado por Jesus é extremamente
desafiador.
Por quê? Porque o D.N.A. de Jesus é perfeito. Porque o Seu caráter, totalmente incensurável. O Seu ministério,
frutificava cem por cento. O segredo? Porque o seu poder, a sua
autoridade, e senso de justiça, se confundiam com o amor que sentia pelas pessoas. Acrescido a isso, a sua incondicional submissão, ao Pai, é algo
imitável. Que desafio reproduzir um discipulado desse nível!
O
Apóstolo Paulo se esforçou para viver e ensinar um discipulado Perfeito. Foi muito transparente e ousado, ao declarar
suas limitações e fraquezas: “ Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, .... quando quero fazer o bem, o mal está em mim..." (Rom. 7:15 ) Mesmo
se sentindo em desvantagem em relação à Jesus, o Apóstolo não desceu o nível de
discipulado. Apenas reconheceu a sua incapacidade de reproduzir um padrão
perfeito vivido e ensinado por Jesus. Mesmo sendo realista em suas limitações,
viveu e ensinou um padrão elevado. Confesso que tenho dificuldade em reproduzir na minha vida esse padrão. (Segue....)
“... pois embora vivamos
como homens (natural), não lutamos segundo os padrões humanos. As armas com as
quais lutamos não são humanas; ao contrário, são poderosas em Deus para
destruir fortalezas”( 2 Co 10:3-4).
Ao passar recomendações as Igrejas que plantou, e dar instruções aos pastores que discipulou, o apóstolo Paulo estava construindo um D.N.A de discipulado, possível de ser aplicado em todas as igrejas, de todos os
tempos. Igrejas comprometidas com o Idem de Jesus.
1º- Estar Revestido
de Autoridade Espiritual
“Não temos a pretensão de
nos igualar ou de nos comparar com
alguns que se recomendam a si mesmos. Quando eles se medem e se comparam
consigo mesmo, agem sem entendimento”
(
2 Co 10:12)
Ninguém
se torna uma autoridade espiritual. Trata-se de um ato soberano de Deus.
Atividades religiosas, carisma, nem
mesmo o batismo, não credenciam ninguém
a ser revestido de autoridade espiritual. Em atos, cap. 8.9-24, está
registrado a tentativa de um mágico, chamado Simão, que chegou a crer e foi
batizado (Atos 8:13); no entanto, tentou subornar o apóstolo Pedro para receber
o poder do Espírito Santo (Atos 8:19). Toda autoridade espiritual forjada
resulta em um discipulado fracassado. Toda autoridade vinda de Deus suporta
todo tipo de adversidade. Autoridade e
poder não são armas de manipulação para
assegurar vantagens pessoais. O rei Davi, revestido de autoridade e poder, não
se usurpou da lealdade de seus comandados ( 2 Samuel 23:15,16); um belo exemplo
a ser seguido.
O
discipulado não é uma mentoria profissional para trabalhar determinada área da
vida de uma pessoa. É um compartilhar interior, onde discipulador e discípulo,
desenvolvem, reciprocamente, relacionamentos
que os tornem semelhantes a Cristo.
2º- Requer uma vida de transparência e
Autenticidade
“ Pois nada podemos contra a verdade, mas somente em
favor da verdade” ( 2 Co 13: 8)
Transparência
é se deixar ver do lado de dentro. Fazer juízo baseado na aparência é um ato de
insensatez. A autenticidade é a imagem
fotografada de dentro para fora. O apóstolo Paulo defendia a sua transparência
e autenticidade quando escreve aos crentes em Corinto: “Saibam tais pessoas que aquilo que somos em cartas, quando estamos
ausentes, seremos em atos, quando estivermos presentes”. ( 2 Co 10:11). Não
esconde as suas fraquezas: “Se devo
orgulhar-me que seja nas coisas que mostram a minha fraqueza. O Deus e Pai do
Senhor Jesus, que é bendito para sempre, sabe que não estou mentindo”( 2 Co
11.30).
Nenhum
modelo de discipulado pode sobreviver se não houver transparência e
autenticidade, no trato com a verdade sobre si mesmo. Paulo se demonstra muito seletivo no
compartilhar de sua vida. Ele não esconde isso: “Quanto aos que pareciam influentes -
o que eram então não faz
diferença para mim; Deus não
julga pela aparência – tais homens influentes não me acrescentaram nada” ( Gl.
2”6).
A
transparência é a plena manifestação da verdade. Discipulado deve ser firmado
na verdade: “... Portanto, cada um de vocês deve abandonar a
mentira e falar a verdade ao seu
próximo, pois todos somos membros de um só corpo” (Efe. 4:25).
Seguramente
esse é o quesito mais desafiador do discipulado: transparência, autenticidade e
verdade, custe o que custar.
3º- Não ultrapassar as suas limitações e valorizar o trabalho de outros.
“... Nós, porém,
não nos gloriaremos além do limite adequado, mas limitaremos nosso
orgulho à esfera de ação que Deus nos
confiou, a qual alcança vocês inclusive” (
2 Co 10:13)
O
apóstolo Paulo tinha consciência de suas limitações, sabia até onde poderia chegar: “Da mesma forma, não vamos além de nossos limites, gloriando-nos de
trabalhos que outros fizeram” ( v. 15.a). O discipulado não dá o direito de
tomar posse da vida do outro. Ao contrário, o discipulado é abrir mão do seu orgulho
pessoal, liberar o discípulo a crescer indo além onde você chegou. Reproduzindo
o discipulado de João Batista: “Importa
que Ele ( Jesus) cresça e eu diminua”.
Se é que podemos ter orgulho santo, que seja motivado por ter pregado o
Evangelho de Cristo e ter gerado muitos discípulos, melhores do que nós.
4º- O crescimento espiritual do discípulo gera
relacionamentos mais
profundos e acelera o crescimento
da Igreja.
“Irmãos ( discípulos),
devemos sempre dar graças a Deus por vocês; e isso é justo, porque a fé que
vocês têm cresce cada vez mais, e muito aumenta o amor de todos vocês uns pelos
outros” ( 2 Ts 1:3).
A
causa motivadora do discipulado está no crescimento do discípulo. Quanto maior
for o crescimento do discípulo, maior será a profundidade do relacionamento com
o discipulador. Paulo faz esse apelo: “Nossa
esperança é que a medida que for crescendo a fé que vocês tem, nossa atuação
entre vocês aumente ainda mais (v.15).
O
crescimento é necessário, porque libera o discipulador a gerar outros
discípulos. Paulo tinha o senso de
responsabilidade de ganhar o mundo: “ para que possamos pregar o evangelho nas regiões que estão além de vocês...”(v.16).
O discípulo que não se preocupa em crescer, está retardando a volta de Jesus.
Porque deixa de ganhar outro discípulo, aprisiona o discipulador a não avançar
e suprir outras demandas. Qualquer outro
padrão, que retém um discípulo pela vida
toda, na visão de Paulo não é uma boa
estratégia de fazer discípulo. O discípulo que não cresce, Paulo chama de
criança no entendimento. Nesse sentido, tornam-se crentes imaturos ou carnais (
1 Co 3:1,2). No nosso entendimento,
quando se dá uma conversão genuína, em Cristo Jesus, um
período de três anos é suficiente para deixar um discípulo pronto para
gerar outros discípulos. Jesus, em três anos, preparou rudes pescadores, para
apóstolos, que seriam os pilares da Sua Igreja. E foram!
5º- O discipulado não é uma moeda de troca,
trata-se de uma missão de
Vida.
“ Ao contrário de muitos,
não negociamos a palavra de Deus visando
lucros...( 2 Co 2:17.a) ... Antes, renunciamos aos procedimentos secretos e
vergonhosos; não usamos de engano, nem torcemos a palavra de Deus” ( 2 Co 4:2).
Quem
não vive um chamado autêntico, verdadeiro, encontra razões e motivos para
questionar essa posição de Paulo. O
apóstolo usou uma expressão enérgica: “Fiz
de tudo para não ser pesado a vocês, e continuarei a agir assim.... e
continuarei fazendo o que faço, a fim de não dar oportunidades aqueles que
desejam encontrar ocasião de serem considerados iguais a nós nas coisas que se
orgulham”( 2 Co 11: 9-11).
Não
são poucos os missionários e pastores que sofreram e sofrem por esta falta de
compromisso de muitos cristãos e igrejas. Para Paulo, o discipulado não
dependia da resposta desta ou daquela igreja, deste ou daquele discípulo,
tratava-se de uma ordem do Senhor da Igreja. O discipulado não é uma moeda de
troca, mas uma missão de vida que envolve uma entrega da própria vida e dos bens.
O discípulo não é apenas Quem vai há algum lugar; mas Quem
vive, em todo tempo e em todo lugar.
6)-
Firmeza em suas convicções
“... Admiro-me de que vocês estejam abandonado tão rapidamente aquele
que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho”( Gl. 1:4).
Um discipulado Bíblico deve
cuidar da saúde espiritual do discípulo. Há muitos crentes imaturos, pouco
conhece a doutrina da salvação e da santificação. São pessoas bem
intencionadas, mas vivem sem firmeza na fé, sem plena convicção do que creem.
Como é importante o discipulado, que atue em defesa do evangelho, no combate
dos falsos apóstolos e obreiros enganosos. Paulo já lutava com essas pessoas: “.... Pois tais homens são falsos
apóstolos, obreiros enganosos, fingindo-se apóstolos de Cristo Isto não é de se
admirar, pois o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz”( 2 Co 11:13).
Assim como um cego não pode guiar outro cego, um crente neófito não deve
discipular outro crente neófito.
7º-
Gera discípulo no mesmo D.N.A.
“... Irmãos (discípulos), sigam unidos o meu exemplo e observem os que
vivem de acordo com o padrão que lhes apresentamos”( Fp. 3:17).
D.N.A.gera espécie com as mesmas características genética. Paulo estabeleceu o seu D.N.A de gerar discípulos.
Paulo dependia das Igrejas para sustenta-lo na obra missionária. Entretanto, suas incursões missionárias não dependiam das ofertas. Na falta, delas, buscava o seu próprio sustento.
Na prática, estava gerando um padrão de excelência para os seus discípulos, ao
ensinar: “Além disso, os filhos não
devem juntar riquezas para os pais, mas os pais para os filhos” (
2 Co 12:14.b).
É um princípio importante que se aplica a pais biológicos e pais espirituais. O valor que Paulo dava, não era financeiro, mas sim, as vidas dos seus discípulos: “ Assim, de boa vontade, por amor de vocês (discípulos) gastarei tudo o que tenho e também me desgastarei pessoalmente. Visto que os amo tanto, devo ser menos amado? Seja como for, não lhes tenho sido um peso...” ( 2 Co 12:15,16.a).
É um princípio importante que se aplica a pais biológicos e pais espirituais. O valor que Paulo dava, não era financeiro, mas sim, as vidas dos seus discípulos: “ Assim, de boa vontade, por amor de vocês (discípulos) gastarei tudo o que tenho e também me desgastarei pessoalmente. Visto que os amo tanto, devo ser menos amado? Seja como for, não lhes tenho sido um peso...” ( 2 Co 12:15,16.a).
Gerar discípulos, no mesmo D.N.A, não significa que o discípulo precisa ter os mesmos gostos do seu discipulador. Anular sua própria identidade e tomar a forma do
outro. O padrão que Paulo está encorajando os seus discípulos, é que vivam o Evangelho na sua plenitude: “Finalmente, irmãos (discípulos), tudo o
que for verdadeiro, tudo que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for
puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de
excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas. Ponham em prática tudo o
que vocês aprenderam receberam, ouviram e viram em mim. E o Deus de paz estará
com vocês”( Fp. 4:8,9).
Paulo menciona a palavra “tudo”, por seis vezes. Um padrão de
discipulado ideal, desafiador, mas possível em atingi-lo. Paulo não ensinou nada
daquilo que não viveu e alcançou.
8º-
Requer confrontação e correção em amor (
13.5-7)
“ Examinem-se para ver se vocês (discípulos) estão na fé; provem a si
mesmos. Não percebem que Cristo Jesus esta em vocês? A não ser que tenham sido
reprovados!” ( 2 Co 13:5).
Muitos abandonam o caminho do
discipulado porque não querem ser confrontados, nem se submeterem a correção.
Alguns, até preferem abandonar a fé. Outros, dão muito trabalho, ao discipulador. Porque não conseguem sair da zona de conforto, mas querem cobertura espiritual
e querem amor. A correção é necessária.
Mesmo que seja dolorido ao ponto de desconectá-lo da convivência, por um tempo.
Muitas vezes o remédio para curar uma
rebeldia declarada é passar pela
sensação de abandono.
Paulo teve problemas com
pessoas de sua equipe. O jovem Marcos, por exemplo. Paulo teve que aplicar uma
dura correção, excluindo-o temporariamente de sua equipe, numa viagem
missionária.
Discipulado onde não se aplica
confrontação e correção em amor, perdeu
a sua excelência. Abre porta para divisão, desvio doutrinário, uma leva de
crentes inconstantes e mimados.
O assunto é por demais sério e
desconfortante em opinar. Ao refletirmos sobre o discipulado, no DNA Paulino, não temos a pretensão de provocar discussões a respeito do tema, nem
tão pouco sugerir um padrão de discipulado.
O que deve nos unir como
discípulos em crescimento, que discipulado não deve ser encarado como método,
mas um estilo de vida, vivido e ensinado pelo Mestre Jesus. Não se trata de um padrão a ser discutido, mas
uma ordem expressa a ser cumprida: “Ide
e fazei discípulos a todas as Nações'.
Por ser um estilo de vida, onde o crente esteja, sua presença e seu testemunho de vida é uma inspiração para que outros o sigam.
Por ser um estilo de vida, onde o crente esteja, sua presença e seu testemunho de vida é uma inspiração para que outros o sigam.
Quanto a mim, não vejo uma segunda opção: sou um discípulo discipulador. Preciso viver como tal! ! Onde meus pés pisarem preciso deixar a marca de Cristo! E você?!
Por
amor a Cristo!
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