O QUE MUDA? GERAÇÃO VAI, GERAÇÃO VEM!

"... Tudo tem o seu tempo de determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu..."           ( Eclesiastes 3:1) Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece" Ecl 4:1

O tempo é uma ciência exata; o que tem para acontecer acontece. Eclesiastes 3, revela  que há tempo para todo propósito debaixo do céu. Creio que estamos vivendo uma transição para chegada de um novo tempo. Os tempos mudam mas os propósitos de Deus permanecem inalteráveis. Vivendo a minha própria experiencia  dos meus 70 anos de vida, passando por vários tipos de  mudanças arrisco-me fazer algumas projeções que se avizinham. Nessa jornada de 70 anos convivi com pelo menos quatro estações do tempo. Para tornar essa viagem  agradável e com algum conteúdo histórico, dividiremos em quatro tempos - como era  o dia-a-dia das pessoas em cada um desses tempos:

1o. Tempo da Cadernetinha

Até os meus vinte anos convivi com o tempo das cadernetinhas. As pessoas iam ao mercadinho, ao açougue, a farmácia, a padaria, etc, as compras eram anotadas numa cadernetinha. Seria como os carnês de hoje. Havia uma plena confiança mútua. A concentração populacional era rural. Os crentes viajavam longas distâncias para assistirem os cultos.  O Cantor Cristão, a Harpa Cristã, Hinário Cristão e a Bíblia, eram os recursos que tinham nas celebrações dos cultos. Os adolescentes, na sua  maioria  se batizavam e permaneciam na Igreja. Havia competições bíblicas, os jovem cresciam no conhecimento da Palavra de Deus. A família toda ia para igreja todos juntos. O tempo da cadernetinha ficou caracterizado pela moeda da confiança mútua. Havia  fidelidade  no trato com a palavra. Os crentes eram fiéis, com chuva ou sem chuva frequentavam a Escola Bíblica Dominical e aos cultos a noite; pois,  consideravam como algo sagrado. Houve um salto no crescimento dos evangélicos no Brasil, em virtude da  grande campanha evangelística conduzida pelo Evangelista Billy Grahan. - 'Só Jesus Cristo Salva'.  Um  tempo  marcado por um tradicionalismo religioso idólatra, já havia corrupção a democracia corria riscos. Na politica dois eventos marcaram essa geração: o suicídio do Presidente Getúlio Vargas e a Intervenção militar. 

2o. Tempo do Calendário e da Agenda.

Geração do Calendário e da Agenda. Os jovens sonhavam com o seu futuro. O acesso a  faculdade era para poucos. As transações comerciais, as compras, eram feitas  por  cheques e duplicatas. A família se programava  para suas férias anuais. As Igrejas evangélicas tradicionais se uniam para realizar eventos importantes como  a Páscoa e Natal. A cidade parava para assistir esses eventos, eram verdadeiros  teatros com encenações criativas com longos textos decorados. As Igrejas eram assistidas por missionários itinerantes, periodicamente, realizavam batismos, ceias e visitas aos membros. Chegada da  tecnologia, telefonia, televisão, repercutindo em mudanças de paradigmas e de valores.  Turbulências na economia com hiper inflação. Movimentos estudantis pró diretas, já! Promulgação da Nova Constituição do Brasil e eleições Diretas. Um tempo marcado pela rebeldia, intransigência  e insatisfação, em todos os níveis, política, social e religiosa.

 

3o. Tempo de Planejamentos, Processos e  Metas.

Tempo marcado por planejamento, processos e metas. Uma sociedade ávida por prosperidade, a todo custo; mesmo sacrificando  os relacionamentos familiares e interpessoais, -  caracterizada por um ideal egocentrista e consumista.  O ter tomou o lugar do ser. Surgimento de seguimentos religiosos apoiados numa teologia motivacional voltada à prosperidade. Os evangélicos tradicionais adaptaram os seus métodos cultuais com inovações musicais, shows, danças, estilos avivados. Do ponto de vista de agregação, houve ganhos na preservação dos jovens na igreja; do ponto de vista de qualidade no conhecimento bíblico, comprometimento de um testemunho autêntico houve perdas significativas, que é -   a base da fé cristã para suportar provações e tentações. A teologia formal  acadêmica  se tornou mais burocrática; voltada à administração de cultos, interesses internos, menos eficaz na condução doutrinária, - com vistas ao aperfeiçoamentos dos membros (  base da Igreja Local, ensinada por Paulo  em Efésios 4:11,12). Com isso, demandadas de membros para um lado e para o outro,  com surgimentos de comunidades focadas em curas, libertações e prosperidade. Tempo marcado por ideologias politicas e religiosas  e grandes escândalos de lideres políticos e religiosos. 

4o. Tempo que as Pessoas se tornaram mais importantes que processos. 

Uma  tendência que começou em ascendência no início do século XXI. As Empresas, as Instituições Educacionais, timidamente alguns segmentos religiosos, começaram a valorizar mais as pessoas e menos os processos. As pessoas  passaram a ser olhadas como Ativo e não como Passivo, geradoras de lucros e não de custos. As empresas passaram a fazer grandes investimentos na qualificação dos seus colaboradores, e por extensão, no casamento e na família.  Outro fator importante, passou a valorizar o  poder da  influência, como um capital valioso: -  pessoas altamente  influenciadoras  passaram a ser  valorizadas no mercado de trabalho. 

As Igrejas, chamadas tradicionais, começaram a repensar  seus modelos e processos, em como  lidar com pessoas. Há um forte retorno  ao discipulado, no modelo de Jesus, -  um a um, e aos  pequenos grupos ( multiplicando  discípulos influenciadores). Jesus investia nas pessoas: o seu ministério focava  nos oprimidos, coxos, cegos, dominados por espíritos malignos, por escravidão religiosa e dos marginalizados da sociedade. Sem ser um especialista em tempos e profecias o cenário que se  apresenta: uma Igreja local, no modelo e ministério do Senhor Jesus, bem estruturada, com seus membros bem doutrinados e comprometidos, está na vanguarda preparando uma nova geração  para esse novo tempo: Uma Igreja influenciadora, relacional  e transformadora.

REFLETINDO.

A minha geração está indo, deixando  contas a pagar para a geração que chega. Não está deixando bons exemplos, morais, éticos e espirituais. Pertenço a uma geração que está marcada pelo egocentrismo, conduzida por uma liderança movida pelo autoritarismo: pouco servir, mais ser servida. Perda de decoro e pouco patriotismo em todas as esferas  públicas e privadas. Felizmente, o fracasso de uma geração não determina o fracasso da outra ( examinar Ezequiel cap. 18).  Cada geração tem o seu destino a construir. Por isso,  creio numa geração que nasce com um  novo desenho de ver o mundo. Que venha uma geração que siga exemplos bíblicos de José,  Ester, Neemias,  Esdras, Davi  rei Josias, Paulo, Barnabé (...); de pessoas contemporâneas, de  um Billyh Grahan, Martin Lutter King, Tereza de Calcutá (....). Que valorizem princípios, vivam uma fé genuína, sejam éticos, lutem pela dignidade humana, radicalizem as divisões de raças, a hipocrisia e a corrupção.

Quanto à Igreja de Jesus Cristo: 

As mudanças são marcadas por rupturas. Desenha-se um cenário de confrontos entre a luz e as trevas, da verdade contra a  mentira, doutrinas verdadeiras e das falsas. De uma Lideranças que defende a separação da Igreja do Estado da liderança partidária envolvente na politica.  Creio numa ruptura à volta do primeiro amor e com as práticas dos primeiros cristãos dos Atos dos Apóstolos. A Igreja que subirá, será marcada por  cicatrizes de uma severa  perseguição, odiada pelo mundo. Uma Igreja que serve. De crentes que pensam como Paulo: " O morrer é ganho e o viver é lucro". 

Uma Igreja que não siga o exemplo da Igreja Jerusalém,  excessivamente dogmática e preconceituosa;  que siga o exemplo da Igreja de  Antioquia, voltada para fora, agregadora, missionaria, de testemunho autêntico da fé cristã, que tenha nos seus quadros, homens/mulheres dons - pastores, mestres, evangelistas, cura, diaconia, sobre tudo, conduzida pelo Espirito Santo. 

Uma Igreja mais ousada em suas convicções doutrinárias, menos politicamente correto. Que valorize mais pessoas e relacionamentos, que -  programas, metas e agendas. Que viva as tradições Apostólicas; que doutrina, corrige em amor seus membros. Que experimente renovação espiritual no contexto da vida diária de seus membros. - sem precisar contar com eventos programados e provocados. "Estou certo aquele  que começou a boa obra a completará...". A minha geração torce para que a  geração que chega seja a geração da preparação da vinda do Senhor Jesus Cristo. 

Por amor a Cristo!